O que se escreve nos media e nos blogs, reflete uma parte do sentir dos adeptos, mas não reflete o sentir de TODOS os adeptos. Tal como na política quando, muitas vezes, os media estão contra este ou aquele partido ou lider partidário, e depois os eleitores julgam-nos de forma diferente do modismo mediático e blogueiro. Sem querer fazer campo, contra ou a favor, da atuação de Godinho Lopes, registo o resultado da sondagem Eurosondagem para DN/JN/TSF/O JOGO/SPORTV, sobre a opinião que os adeptos de cada clube grande fazem acerca do presidente do seu clube, no mês de Janeiro. Pinto da Costa anda pelos mais de 90% de opiniões positivas; Vieira ultrapassa os 70% positivos; e Godinho regista mais de 56 por cento de opiniões também positivas. Interessante. Quem quiser que especule agora.
Adianto já que simpatizo muito com o jogador, mas simpatizo muito com o jogador. Mas encaro a hipótese de Figo ser presidente do nosso clube como normal - veja-se o exemplo do Bayern de Munique. Figo foi um grande jogador, tem uma experiência acumulada valiosissima em clubes de top no mundo, conhece gente importante no futebol, desde dirigentes a jogadores e empresários. Poderia ser uma mais valia para o Sporting, se ele o quizesse. Não quis, muito ao seu estilo, paciência.
Acho normal, também, que um sportinguista como José Maria Ricciardi se preocupe duplamente com o clube, como sócio e como banqueiro. Tem esse direito, tal como outros têm de incitar ou desejar que A ou B sejam candidatos. Discordo totalmente que haja sócios com direitos diminuídos, apenas porque são isto ou aquilo. Ser banqueiro, neste caso, é uma vantagem para o Sporting, que, como outros clubes grandes, tem vivido dos favores da banca - para realizar operações e/ou para não falir. Só que, como é sabido (acho eu que o é...), os tempos são outros e a banca não financia mais.
Mas o Sporting deve-lhe dinheiro e confiança. Essa história de a banca é o inimigo, indo de boleia com o palavreado político em voga em certos setores, é injusta duplamente. Sobretudo para o BES e para Ricciardi. Porquê? Porque, devendo o Sporting uma pipa de massa ao BCP e ao BES, ainda é o BES que tem mostrado maior abertura para uma reestruturação financeira favorável ao Sporting, a qual pode ir até a uma espécie de perdão de dívida muito substancial - levando o BCP na cola.
Não basta escrever bem, copiar os «inimigos» politicamente na moda. É preciso ter bom senso e saber que o Sporting, mais do que nunca, depende da boa vontade da banca (que, claro, não está interessada em matar o clube e quer recuperar ao menos uma parte do crédito que concedeu). É normal que a banca deseje alguem credível na direção do Sporting - e há dois bens aí que confluem. É normal que os sócios escolham democraticamente quem desejam para dirigir o clube. Como normal será que o façam sabendo quais os termos dessa responsabilidade.
[Que fazer para sair desta situação?] «Há quatro situações prioritárias. Tecnicamente temos de apresentar mais qualidade, e claro que isso vem com confiança. Fisicamente, precisamos de melhorar, pois há jogadores que aguentam os 90 minutos, mas há outros, tambem em virtude do trabalho que realizam em campo, que não conseguem chegarao fim do jogo. Depois, há um trabalho tático importante. E há, ainda, o fator mental. A equipa não está perfeita e, mesmo que fosse perfeita, continuamos a ter várias coisas para fazer. São todas estas situações, em conjunto, que aumentam a qualidade e a eficiência de uma equipa». Alguma dúvida, ainda, sobre o que ele quer dizer, quando fala em qualidade (individual e coletiva)?
«Porque é que tem de ser fácil quando estás no topo e horrível quando estás em baixo? A meta continua a ser a mesma: ganhar»
Inteligente, incisiva, clara, sólida, frontal. Eis como concluí, depois de ler a entrevista do nosso treinador, hoje (sábado), no Record. Ele fala de futebol, do futebol do Sporting sem rodriguinhos, mas sem excessos e sem dramas. Mostra que sabe o que quer e a que veio. Mostra que pensa como um lider. Esclarece - uma vez mais! - o que quis dizer com essa da «qualidade» dos jogadores. Para quem, na altura, não soube ler e ouvir. Nomeadamente os jornalistas, que adoram ter um «escândalo» mais para compor títulos mentirosos mas polémicos. Que depois são aceites e circulam como verdades, ao estilo 'goebbelsziano'. «Há alturas em que as equipas conseguem atinguir todos os seus objetivos, parecem imparáveis, e outros momentos em que acontece o contrário. Nesses momentos, o talento ou a qualidade não estão ao mais alto nível. É por isso que as melhores equipas não ganham sempre». disse ele.
Nos tempos recentes, a entrevista de Manuel Fernandes e, agora, a de Frank Vercauteren fizeram-me reconciliar com a fala do futebol inteligente. Depois do que tenho lido na imprensa e nos blogues, foi um bálsamo. É possivel falar de futebol e do Sporting sem raivinhas, sem deceções derrotistas e com um pensamento positivo e competente. Aleluia!
No difícil jogo contra o Nacional, para a Taça, não gostei: da equipa, na primeira parte, lenta e sem imaginação; do comportamento anti-desportivo do Nacional; nem da atuação de alguns jogadores nossos. Nem do resultado final, claro. Mas também não gostei nada dos assobios ao Polga. É certo, as coisas não lhe sairam bem, neste jogo. Mas, meu Deus!, quantas exibições de qualidade elevada o Andersen fez esta época, lembram-se? Muitas, ele tem sido um dos esteios da defesa. Qual o estorial dele nestes sete anos de Sporting? Largamente positivo. O Polga merece o respeito dos adeptos, pela sua qualidade, experiência, amor à camisola e profissionalismo. Será que cada um de nós, na sua vida profissional, terá como melhor estímulo ser assobiado pelos colegas de trabalho, quando erra, ou, independemtemente de lhe ser apontado o erro, fazer-se-lhe aumentar a auto confiança, através de palavra de incentivo? Será que, com os assobios, o Polga (ou outro qualquer jogador) vai melhorar ou piorar a sua prestação durante o restante tempo de jogo? Estar com a equipa é apoiar nos momentos difíceis, dando-lhe ânimo. Em Alvalade, neste jogo e em relação ao Polga, houve uma minoria de adeptos que se comportaram como adversários. Ao assobiar um jogador, que tem feito uma época inatacável, dá-se um sinal negativo a todos os outros jogadores. Está-se a ameaçar todos eles e eles vão sentir que. amanhã, um qualquer erro será julgado da mesma forma. E, no entanto, mais 'grave' ou tão 'grave' que o erro do Polga foram as oportunidades de golo não aproveitadas. Para essas, felizmente, não houve assobios.
. A realidade e a mediatiza...
. Porque sim ou porque não ...